
Era uma mulher sem braços que te apedrejava
no jugo dos indícios, quando as lágrimas soltas
já só arranhavam a carne – a certeira pedra da noite,
a mutilação no sexo das amantes,
pontapé o rosto de sol:
- quando na mão os dedos se multiplicam num gesto
no sangue a fractura do amor dilacera - .
Era, assim, a parábola, quando a palavra
já não entretinha a descomunal cabeça
do sonho entrelaçado pelo pesadelo,
visita constante no palácio:
- quando na mão os dedos se multiplicam num gesto
no corpo o veio labiríntico é o amor - .
Era um lago de Narciso o instante repetido
no perfil da carícia, e na porta um degrau,
vertical, simulava o berço –
de orelhas pendentes ainda digito
as mais fabulosas histórias, a quem
um bárbaro Ulisses quis contar:
quando na mão os dedos se multiplicam num gesto
é Penélope tecendo o repouso do amor, o teu sono tranquilo.
1 comentário:
Bem, a pintura é qualquer coisa e o poema é bonito, embora eu seja um tanto ou quanto "casca grossa" para estas coisas...
Bjs
Nuno
Enviar um comentário